segunda-feira, 27 de maio de 2013

Rua vira palco a céu aberto para espetáculo de estátua-viva


Crédito: ArtesUrbanas.com
Uma cena diferente surpreende os motoristas de Florianópolis na sinaleira próxima da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Um palhaço faz peripécias ao lado de uma estátua... até que ela se mexe! A caracterização perfeita brinca com nossos olhos, como uma miragem em meio aos carros. Identificando-se apenas pelos codinomes, Mariposa e Bacumim, são casados e trabalham com arte há mais de 10 anos. 

Desta união nasceu uma filha, que hoje tem 12 anos. A menina já trabalhou com os pais, mas para garantir uma rotina mais estável à criança, o casal fixou moradia na Capital, em uma casa alugada no Rio Vermelho. Vivem de maneira simples, apenas com o dinheiro da arte de rua. Ganham em média R$ 15 por hora trabalhada e procuram comprar e consumir só o necessário, por exemplo, fabricando as próprias roupas e peças de trabalho. 

O trabalho em espaços públicos é uma opção do casal. Apesar de participarem de eventos em que são contratados, esta modalidade de serviço é um complemento à renda da família. Parte porque eles não veem neste nicho um bom mercado, parte por preferirem os palcos urbanos, como praças e sinaleiras, pela vivência de ambos nas artes de rua.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Mudam de lugar pela cidade, e elaboram uma performance diferenciada para cada espaço. Aperfeiçoaram os mini-espetáculos, com a experiência perante o público. A reação das pessoas, é que "dirige" a apresentação, principalmente pelo que fazem, a interatividade é fundamental. Ela fica até 20 minutos sem se mexer, e até 4 horas trabalhando em sequência, como estátua-viva. A participação dos passantes que dá movimento a cena.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Talvez pela formação em História, pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Bacumim tem uma visão mais crítica sobre a cultura na cidade. Ele coloca que a a arte é elitizada em Florianópolis. "Só poucos, os mesmos de sempre, e pessoas de fora são chamados para eventos oficiais ou tem apoio público. O governo não valoriza o artista local", afirma. 

O casal conta que sofreu muito com a repressão ao trabalho que fazem e entendem como arte. Há dois anos sem nenhum episódio do gênero, dizem que nem sempre as apresentações foram tranquilas assim. Em diversas situações foram retirados da rua pela polícia e levados à delegacia sob a acusação de mendicância e forçar a receber dinheiro das pessoas (extorsão). "Contamos com a interação e contribuição espontânea do público. Nas sinaleiras passamos o chapéu, como estátua só me movimento se a pessoa der a moeda, nem tem como pedir!", desabafa Mariposa. E Bacumim complementa, " Nosso trabalho foi associado por governos passados à marginalidade, principalmente por parte de órgãos públicos como a Secretaria Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos (SUSP) e a Secretaria de Assistência Social.

Ambos possui a visão de que o público florianopolitano não tem educação, nem hábitos culturais. "Fico satisfeita quando percebo que alguém tem um contato com a arte. Gente que não pode ir ao teatro, comprar ingresso, mas que naquela apresentação tem acesso a cultura. Isso é o fundamental.", confidencia Mariposa.




Contato: (48) 9171-0305



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