sábado, 18 de maio de 2013

Jovens encontram na arte de rua um porto seguro


Crédito: ArtesUrbanas.com
José Luiz e seus recém completos 18 anos, escondem histórias e perspectivas de vida que fazem qualquer um refletir. Se o talento para girar as laranjas improvisadas como malabares é pouco, os contos que ele carrega em uma mochila são imensos.

Natural da Argentina, José está desde fevereiro em Florianópolis, mas com volta programada para hoje, 18 de maio de 2013. Engana-se quem pensa que o motivo de retorno é o fim das férias, ou que ele tem passagem comprada. A viagem será uma tentativa de recomeçar a vida, que durante os últimos meses esteve errante.

Órfão de mãe e sem o paradeiro do pai, José Luiz viu na estrada uma maneira de seguir adiante. Sozinho, com quase dinheiro algum, sem pensar na práxis de sustentar esta jornada, o jovem embarcou em sucessivas caronas rumo ao Brasil, um país que lhe instigava a curiosidade.

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No meio do caminho aprendeu a fazer apanhadores de sonho como artesanato e malabarismo para ganhar dinheiro no sinal. Mas ele não se considera bom em nenhum dos dois ainda, pois faz pouco tempo que os executa.

Tudo que tem cabe em uma mochila, que é o que pode carregar. Comida, paga com o que ganha ou recebe de caridosos. Banho é em postos, em casas de assistência ou com a oferta de pessoas bondosas. O trajeto da viagem é na base da carona e os materiais para artesanato ou malabares vem de galhos e do lixo. Dormir, só na rua.

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Mas na cidade de Florianópolis encontrou pouso e apego. Muitos locais próximos de onde se apresentava ofereceram emprego a ele. Mas como está ilegal e sem todos os documentos, José não pode aceitar nenhum. Sendo assim vai voltar à Argentina, se regulamentar e voltar à ilha. 

Rumo ao sul, já tinha garantida carona até Laguna e companhia... 

Amigos da rua 


Identificando-se apenas como Mateus e de origem gaúcha, aproxima-se um rapaz de 20 e poucos anos, mais habilidoso com o malabarismo e mais desconfiado. Há 2 meses de volta em Floripa, aprendeu malabares neste período, mas já domina a arte. 

Também viajando de carona, vivendo das apresentações e dormindo na rua, Mateus não quer falar em passado, em história de vida ou em presente. Não gosta de nada disso. Quer só saber da próxima cidade, dos próximos conhecidos e do futuro.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Faz por escolha, por vontade de viajar e conhecer outros lugares. Quer apenas viver e se entender livre. Liberto de regras, horários, roteiros e de tudo que se entende por norma social. Mateus diz não ter coragem alguma de seguir a vida que escolheu para si. Tem muito medo dos perigos da rua, do frio, da fome, da violência, das incertezas, mas tem muita força de vontade para viajar, que se tornou o alimento da alma dele.

Se identifica e tem por ideologia o livro On the Road, de Jack Kerouac, ainda diz ter curiosidade em assistir o filme homônimo de Walter Salles.


On the Road, no Brasil, lançado como Pé na Estrada é considerada a obra-prima de Kerouac, um dos principais expoentes da geração beat dos Estados Unidos. O livro é visto como uma grande influência para a juventude dos anos 1960, que colocava a mochila nas costas e saia pelo mundo. 

Lançado pela primeira vez em 1957, o livro conta experiências de Kerouac sob o codinome de Sal Paradise nas estradas americanas, durante a década de 1940.


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