segunda-feira, 29 de abril de 2013

Música, ginga e golpes artísticos reúnem diferentes gerações

Crédito: ArtesUrbanas.com 
No Largo da Catedral Metropolitana de Florianópolis, os 'Filhos do Tigre' se reúnem todos os sábados, no período da manhã, para jogar capoeira. A roda é composta por homens, mulheres e crianças, mesmo as muito pequenas. Também são bem-vindos outros grupos e amadores, o importante é ter gosto pela prática.

Capoeira é uma expressão cultural brasileira em que se mistura arte-marcial, esporte, cultura popular e música. Essa arte foi desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos, e se caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

A realização destas rodas oportuniza a divulgação e popularização da cultura de capoeira por meio da presença e interação com a cidade. A ideia básica é dar acesso fácil e conhecimento sobre esta arte através do contato da população com estas apresentações.


Crédito: ArtesUrbanas.com

Grupo Filhos do Tigre


O 'Filhos do Tigre' tem sede no Bairro Bela Vista, em São José, na Grande Florianópolis. Para entrar na escola não existem pré-requisitos, porém para permanecer e participar do batizado - o momento em que o integrante recebe sua primeira corda e oficializa seu nome de capoeira - é necessário, acima de tudo, praticar os ensinamentos desta cultura, como ser cidadão e respeitar o próximo.

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Membro do grupo há oito anos, André Valmor, mais conhecido nas rodas de capoeira como 'Pé de Chumbo', diz que aos 3 anos já é possível aprender essa arte/dança, ''Aqui as crianças aprendem desde cedo a terem disciplina e respeito às regras e aos mais velhos''.


Contatos: Mestre Tigre: (48) 8413-0093 e Fernanda (Felina): 8464-7458 ou fernanda_chatinha_lima@hotmail.com


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Grupo de Teatro vai às ruas para fidelizar público

Crédito: ArtesUrbanas.com
Em pleno sábado, a rua Felipe Schmidt, centro do comércio florianopolitano, se viu tomada por pessoas com duas sombras. Não eram visões sobrenaturais, ou imagens duplicadas pela bebida, mas sim, um espetáculo de clown.

Alunos da Companhia de Teatro Vanguarda faziam mímicas e sombras, interagindo com o público sem o uso das palavras ou do contato físico. Valendo-se apenas de gestos, interpretação, expressões faciais e muita emoção.

Segundo Sérgio Machado, diretor da companhia, o objetivo é de desinibição e formação de público. A intenção é levar as apresentações às ruas, a fim de criar a cultura do teatro nos passantes, que podem nunca nem ter tido contato com este tipo de arte. A atividade é repetida ao menos uma vez por mês, na Capital.

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Clown

A palavra clown (pronuncia-se “cláun”) tem origem é na língua inglesa e se designava originalmente a um camponês. Como este era visto pelas pessoas da cidade como um indivíduo desajeitado e engraçado, derivando assim a atribuição ao palhaço, de através dos gestos e atitudes fazer os outros rirem.


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Palco


Quem tiver interesse em participar da Cia de Teatro Vanguarda, pode se matricular na Rua Victor Meirelles, 78, no Centro de Florianópolis, logo atrás da unidade dos Correios, na Praça XV. A companhia é responsável pelo espetáculo do Teatro dos Livros do Vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina e apresentações na Feira do Livro.

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O grupo recebe alunos novos o ano todo e a mensalidade é de R$ 150. Estudantes de escola pública ou de comunidades carentes podem tentar uma bolsa de estudos com descontos de 50%.


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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Casal de deficientes visuais faz show para passantes das ruas de Florianópolis

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Em frente ao Centro Comercial Aderbal Ramos da Silva (ARS), sentados em bancos simples de plástico, vê-se um casal de deficientes visuais, de aproximados 50 anos tocando sanfona e cantando músicas populares do sertanejo e do  brega. Músicas populares como "Fuscão Preto" e "Menino da Porteira". Mas os ritmos marcantes e as vozes suaves se contrastam com a desconfiança  em partilhar suas histórias de vida.

Maria e Mauri estão juntos há quase 8 anos, na arte, que os apresentou, bem como no relacionamento. O casal, que mora em Florianópolis, tem a Capital como reduto, apesar de precisar viajar pelo país, principalmente pelo interior de São Paulo, para poder manter a renda. Segundo eles, é mais vantajoso trabalhar na cidade durante a temporada e viajar durante o inverno.

Eles não revelam quanto ganham, nem dão a chance de estimar, já que mantém o que recebem do público que os admira, em segredo, na caixinha de madeira que seguram com todo cuidado. Por outro lado, confirmam que vivem apenas do trabalho com a música em apresentações nas ruas. Um dos diferencias para agradar os passantes é tocar o que o público pede.

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A desconfiança vem da experiência. A vivência na rua trouxe calos que doem para lembrá-los de ter cautela com quem se aproxima, mesmo que de forma simpática, e muitas vezes, principalmente por isso. Pelas calçadas à sua frente já passaram muitas boas intenções, promessas, expectativas, interesses e decepções. Mas também vem das ruas e avenidas a subsistência e o palco para fazer aquilo que mais gostam, cantar e tocar.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Informática perde profissional para arte de rua

O amor também está presente nas ruas, ou pelo menos ajudou a trazer André Pires para Florianópolis atrás de sua atual esposa. Com o personagem Clowntin, um palhaço malabarista, encontramos André em uma das sinaleiras da Avenida Beira Mar Norte.

Crédito: ArtesUrbanas.com

Clowntin é uruguaio e está em Floripa há cinco anos.   No seu país natal, trabalhava com informática, mas ao chegar no Brasil passou a viver da arte. André conheceu e passou a integrar o Coletivo Circo Floripa, onde aprendeu as técnicas do malabares, da mímica e da escultura em balões. Atualmente, além do salário da esposa, a  renda principal de André vem dos eventos se apresenta.


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Circo Coletivo


A união de grupos de artistas circenses e de rua, que atuam na cidade de Florianópolis, criou o Coletivo Circo Floripa. O objetivo é o fortalecimento das artes circenses e urbanas, bem como a promoção destas práticas através da formação de público e de apresentações diversas.

Crédito: Coletivo Circo Floripa


Dentre estas ações do Coletivo Floripa está o Encontro de Malabares, todas as terças-feiras a partir das 19h, na Praça da Lagoa da Conceição.  O evento é aberto ao público e aos artistas que queiram participar.  As outras ações são o Cabaré Circo Floripa - já na 4ª edição, com apresentações temáticas em locais fechados - e o Palco Aberto - nova proposta nas áreas de malabarismo, acrobacias,dança e música.



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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Criatividade chama a atenção em meio ao trânsito de Florianópolis


Crédito: ArtesUrbanas.com

Os motoristas que trafegam pela Avenida Beira-Mar Norte em Florianópolis, costumam se deparar com apresentações nas sinaleiras da cidade. É assim que Jonas Lopes sobrevive há 8 anos, sendo um artista do palco aberto. 

Conhecido como Peixe pelos colegas, Jonas reside na Ilha há 4 anos. A esposa, grávida de 8 meses, costumava acompanhá-lo nas apresentações, mas agora dedica-se exclusivamente à espera do primeiro filho do casal. Mais um motivo para que ele intensifique a presença nas ruas.

Criador dos próprios personagens, Jonas é responsável por todas as etapas que envolvem a caraterização e as encenações. Do roteiro às roupas, cada detalhe é pensado para chamar a atenção do público em meio ao corre-corre diário. Dentre as figuras que costuma interpretar estão piratas, o agricultor, a estátua do Oscar e o robô, como o encontramos, em plena atividade na Avenida Beira-Mar. Nos semáforos ele alegra as crianças, distrai os motoristas e ganha o pão de cada dia. É com o talento de ator que ele sustenta a família, já que também se apresenta em festas pela cidade.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Jonas, tem a experiência de viajante e o olhar de uma criança. Conhecendo vários lugares no país, como Minas Gerais e São Paulo, ele continua acreditando em sua arte, e investe, em média R$ 100 em maquiagem, para divertir os passantes.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Às vezes também podemos encontrá-lo no calçadão do Centro, onde hoje tem a liberdade de expressar sua veia artística, já que segundo ele, no governo da então prefeita, Angela Amin, isso não era possível “Ela nos repreendia. A polícia chegava e levava tudo, de roupas a dinheiro, como se fossemos marginais. Mas graças a Deus, o novo Governo é mais compreensivo com a arte.”


Contatos: (48) 9163-5242 ou peixe_estatua@hotmail.com 



segunda-feira, 8 de abril de 2013

Músico questiona o futuro da arte de rua em Florianópolis

A arte, às vezes, pode ser incompreendida. Pelo menos essa é a visão de Jaime Ollivet Suwnah. Chileno, segundo ele morando legalmente há 15 anos em Florianópolis, não acredita mais em arte ou cultura de rua na cidade em que resolveu viver de música e artesanato.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Ollivet vende porta-incensos, cachimbos e flautas, que também toca nas ruas da capital catarinense. Realidade a qual não crê ser capaz de reverter, permanecendo à margem da arte, como ele entende. Diante de esbravejadas reclamações e raivosas queixas, ele apresenta o "lado B" de quem quer fazer da rua um caminho para sua arte.

O chileno afirma ter tentado por inúmeras vezes elaborar projetos de arte para ensino da fabricação de flautas de bambu e aulas de música, mas para ele o apoio da prefeitura nunca veio. "Me interpretam como um gringo, um estrangeiro que não sabe do que fala, mas a arte não tem idioma. Gostaria de fazer projetos de cultura para a cidade em que vivo, mas minhas tentativas, acho, nunca nem foram lidas".

Ollivet diz que mora aqui por que gosta, mas que a arte não lhe rende. "Sobrevivo com as peças que faço, com as minhas apresentações e aulas, mas já penso em me mudar. Em Florianópolis se valoriza o que é de elite e o que é nativo. Quem é de fora, gringo como eu, não se apresenta em grandes palcos, não está em teatros ou nas rodas da alta-sociedade, não está fazendo arte, somente importunando ou em contravenção". E ele prossegue com o discurso rijo: "Em qualquer feira de 'artesanato' da cidade, quantas daquelas barracas realmente são artesanato? Nenhuma. Ou pouquíssimas. Tem vinil, artigos de cama, mesa e banho. Ou decorações de MDF e 'pinturinhas', mas e a arte? Não tem escultura, renda de bilro ou de cultura local. Só peças de decoração para casa".

Crédito: ArtesUrbanas.com
Jaime retrata que a pouca arte presente na rua é justificada pelo fato deste tipo de manifestação ser vista como marginalidade. Para ele, quem se apresenta na rua é encarado com pedinte ou oportunista. Afirma que a polícia repreende suas atividades por entender como comércio ilegal, que lhe cobram notas fiscais de produtos que ele mesmo fez e na ausência, apreendem suas obras. Diz ser mal visto pelos lojistas, como se poluísse a fachada e afastasse os clientes. Que poucos o veem como um empreendedor na carreira da cultura, mas como um subsistente das vias urbanas. Ele não desiste, segue crente que faz arte e cria cultura, mesmo pouco valorizado, faz o possível por suas obras.

Crédito: ArtesUrbanas.com

O que diz a Prefeitura?


Em Florianópolis, o órgão responsável pela cultura é Fundação Franklin Cascaes. O diretor da entidade Luiz Ekke Moukarzel explicou que as feiras de artesanato realizadas na cidade são organizadas por associações de bairro ou de artesãos e regulamentadas pelo IPUF. Ele concorda que esta modalidade de organização, sem critérios de seleção, faz com que as feiras representem mais trabalhos manuais (aplicações sobre produtos industrializados) do que artesanatos (objetos de arte com transformações da matéria-prima). 

Créditos: Júnior Careca
Luiz, diz ainda que as administrações passadas, pouco valorizaram a cultura local, nativa da Ilha. E que as novas políticas que estão sendo implementadas pretendem reverter este quadro regulamentando na própria Fundação as atividades ligadas à cultura, artes e artesanatos, bem como só contratar artistas locais para atividades relacionadas à entidade.

Quanto a questão dos projetos, Luiz Moukarzel, diz que é preciso profissionalizar os artistas de rua, para que eles consigam se firmar no mercado artístico, apresentar projetos sólidos e viáveis. Esta é outra proposta em pauta no órgão, cursos profissionalizantes.

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

"Sou escravo da liberdade", revela artista de rua

Yamandú Paz tem ponto cativo na rua Felipe Schmidt. Para encontrá-lo basta seguir os acordes melódicos do violão e parar frente a um homem, magro, grisalho, por volta dos 40 anos, cheio de trejeitos e simpatia.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Por trás das piadas e brincadeiras com os passantes, há uma história de vida condenada à liberdade, como o próprio Yamandú classifica. Natural do Uruguai, da região fronteiriça com o Brasil, o artista convivia entre seu país de origem e o Rio Grande do Sul, mas não se apegava ao futuro, vivia sem raízes. Este instinto de desapego gerou conflitos com a família e ele decidiu por deixar tudo que conhecia por seguro, seguindo para o país que tinha paixão, o Brasil. Essa viagem durou três anos, de 2003 a 2006, com passagens por Rio de Janeiro, Recife, Salvador, etc.

Cansado da rotina errante, Yamandú resolveu tentar uma vida mais fixa. Cursou odontologia, foi protético (profissional que se dedica à prótese dentária), adquiriu um lava-jato, uma borracharia, teve trabalhos diversos... e novamente o rompante anti-rotina o arrebatou. Decidiu por trabalhar na rua. Aprendeu violão sozinho, usando como base poucas aulas da infância, bem como a boa vontade de conhecidos, para tirar as primeiras músicas e as primeiras notas de dinheiro do público.

Viajou mais, até chegar em Florianópolis e apousar. Há 2 anos na Ilha da Magia, não quer mais mudar-se e nem voltar a rotina. Quer viver da liberdade que só a rua dá e da qual já se tornou escravo, a liberdade de não ter apego a si, aos outros e as regras sociais. Segundo ele, uma liberdade de sair sem ter dia ou hora de voltar e viver do jeito que se quer à margem de  uma sociedade descrédula dele.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Do dinheiro ganho na rua não lhe sobra nada. O que ganha nem se quer conta, gasta com bebidas, drogas, local para dormir e comida. Toca música para expurgar a alma, extravasar os pensamentos e viver com a crença de que não depende de um emprego, de uma rotina, só de si e de seis cordas.