quinta-feira, 4 de abril de 2013

"Sou escravo da liberdade", revela artista de rua

Yamandú Paz tem ponto cativo na rua Felipe Schmidt. Para encontrá-lo basta seguir os acordes melódicos do violão e parar frente a um homem, magro, grisalho, por volta dos 40 anos, cheio de trejeitos e simpatia.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Por trás das piadas e brincadeiras com os passantes, há uma história de vida condenada à liberdade, como o próprio Yamandú classifica. Natural do Uruguai, da região fronteiriça com o Brasil, o artista convivia entre seu país de origem e o Rio Grande do Sul, mas não se apegava ao futuro, vivia sem raízes. Este instinto de desapego gerou conflitos com a família e ele decidiu por deixar tudo que conhecia por seguro, seguindo para o país que tinha paixão, o Brasil. Essa viagem durou três anos, de 2003 a 2006, com passagens por Rio de Janeiro, Recife, Salvador, etc.

Cansado da rotina errante, Yamandú resolveu tentar uma vida mais fixa. Cursou odontologia, foi protético (profissional que se dedica à prótese dentária), adquiriu um lava-jato, uma borracharia, teve trabalhos diversos... e novamente o rompante anti-rotina o arrebatou. Decidiu por trabalhar na rua. Aprendeu violão sozinho, usando como base poucas aulas da infância, bem como a boa vontade de conhecidos, para tirar as primeiras músicas e as primeiras notas de dinheiro do público.

Viajou mais, até chegar em Florianópolis e apousar. Há 2 anos na Ilha da Magia, não quer mais mudar-se e nem voltar a rotina. Quer viver da liberdade que só a rua dá e da qual já se tornou escravo, a liberdade de não ter apego a si, aos outros e as regras sociais. Segundo ele, uma liberdade de sair sem ter dia ou hora de voltar e viver do jeito que se quer à margem de  uma sociedade descrédula dele.

Crédito: ArtesUrbanas.com
Do dinheiro ganho na rua não lhe sobra nada. O que ganha nem se quer conta, gasta com bebidas, drogas, local para dormir e comida. Toca música para expurgar a alma, extravasar os pensamentos e viver com a crença de que não depende de um emprego, de uma rotina, só de si e de seis cordas.




Um comentário:

  1. É ótimo ver os artistas de rua representados. A história dele é surpreendente!

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